Não-ista

Postado por Willow, a Bruxa | Às 13:52 | Em

Nunca gostei muito de feminismo. Nada contra as feministas, mas assim como não gosto do machismo acredito que qualquer "ismo" é alguma forma de alienação. É alguma forma de fechar os olhos para a realidade de algum grupo concentrando-se apenas em defender e justificar os próprios interesses.

Posso pensar assim não posso? Ah, posso. No entanto, nem se preocupem. Eu não vou tentar convencer ninguém de meu ponto de vista. Não vou cutucar ninguém com meus argumentos. Aí é que entra meu segundo repúdio desse post: não curto militância. Porque, gente, não tem coisa pior do que alguém chegar e lhe evangelizar com alguma ideologia. E tenho pra mim que ideologias são os sonhos dos outros. Não os meus. Os meus sonhos eu sonho sozinha, pode deixar. E também não vou tentar convencer ninguém disso.

Estou postando isso porque feminismo e militância são coisas comuns entre as lésbicas. E poxa, me incomoda. É compreenssivel que essas duas coisas existam entre nós, já que somos mulheres e muitas vezes somos desprestigiadas por isso, assim como também muitas sofrem discriminação por sua sexualidade. E compreendo que seja comum, mas não gosto. Posso não gostar, não posso? Ah, posso.

Posso porque prefiro enxergar aos coisas com a mente aberta para compreender todos, até aqueles que não fazem parte de minha condição. Compreendo os machistas e homofóbicos. Sim, compreendo, mas isso não significa que eu goste deles. Eu posso não gostar, lembra? Isso não significa que eu pense que eles estão corretos, mas prefiro entender o porquê deles pensarem assim do simplesmente condená-los a vilões e perseguí-los como baratas. Até porque eu não persigo baratas. Eu saio chorando atrás de alguém para matá-las.

E isso também não significa que eu me ausente dessas discussões. Apenas não quero apontar minha opinião como a mais correta de todas e achar que aqueles que não concordam comigo não são humanos. Ou são monstros. Eu não acredito em monstros, se querem saber. Eu acredito em pessoas desinformadas, em pessoas que vivem realidades diferentes da minha, pessoas que cesceram ouvindo coisas diferentes que eu. Porfim, acredito que um pouco de informação e educação podem pouco a pouco modificar as coisas como elas estão.

O mundo não vai mudar se você gritar. Ele vai no máximo lhe olhar com estranhamento. E não é assim que eu quero que olhem para mim. Justo eu, que não desejo olhar assim para ninguém.

Comments (8)

Eu aprendi a ser assim com O Pequeno Príncipe, rs, ou talvez já fosse. Que fácil seria se todo mundo também pensasse assim...


Mas bem, é nosso dever entender até estas!

Obrigada pela sua visita e pelo incentivo.

Concordo 100% com este texto, nenhum extremismo é bom...e também não devemos tratar os outros como não gostamos de ser tratadas.
Agora vou voltar com mais frequência, visto que reativou o seu blog.
Fique bem.

Morgana

Nem preciso dizer que discordo, né? ;)

Tem um trechinho que chamou minha atenção:

"O mundo não vai mudar se você gritar. Ele vai no máximo lhe olhar com estranhamento..."

Eu sou super a favor do estranhamento. Sou daquelas que acredita que o radicalismo é bom para chamar a atenção para algo, porque é só quando surgem os radicais que se abre um espaço para que os moderados apareçam e mudem alguma coisa.

Talvez eu seja uma utópica sem salvação, mas acredito que a gente pode mudar o mundo pelo feminismo. =)

Uma boa noite!

Ulha!!!
Lesbianismo também é com "ismo".
E agora, como é que fica minha atuação predileta? Apelo pra "lesbianidade"?
Fiquei toda confusa!...

Bjsssss

:) muito bom isso!! concordo 100% com vc... e acho que concordo 100% com Agueda Macias tb! hehehe... intrigante pensar em como é difícil aceitar tudo que é diferente da gente.

É, o fato de ser alguém que, direto ou indiretamente é atingido por pensamentos, sentimentos ou ações que o repudia, discimina, não é algo simples para ninguém. O diferente é atingido e perseguido por uma maioria esmagadora, com crueldade.
Nessa onda de ataques, os "diferentes" partem logo para o contra-ataque antes mesmo de serem atacados.
Eu concordo com a ideia de entender até aqueles que nos machucam, por exemplo, e creio ter este dom também, mas vamos concordar que é, realmente, complicado e quase impossível que, numa população desinformada, como dissesses bem, entender que levando pauladas, com palavras e discursos articulados irão obter o respeito que se exigem é quase querer vender freeser no Alasca.
E isso exatamente porque os "atacados" também são pessoas desinformadas, ignorantes, e cheias de defeitos...
Eu finalizo assim: as feministas, os militantes, os ativistas só são assim porque houve ou há algo ou alguém que de um outro lado elevou a ideia de que eles ou o que faziam era algo pejorativo. E por isso, acho perdoável e aceitável qualquer tipo de manifestação de protesto. Porém não me reconheço desta forma e tampouco admiro alienados.
Abraços.

E aiii guria, como ta?
olha só, tem selinho e memê pra ti lá no sapatosas \o/
passa la pra buscar, beijossss!

No fim de tudo... os mecanismos usados para combater os preconceitos só suscitam novos preconceitos... O ideal seria que ninguém precisasse da porra de um rótulo, fulano é hetero, siclano é homo e beltrano é bi, isso tudo é um saco... Todo mundo é humano com suas virtudes, vícios e defeitos, rótulos são feitos para identificar coisas, dizer até quando prestam e se não vão te intoxicar quando você comer, ou usar, pessoas são pessoas, se estabelecem relações hétero ou homoafetivas é o de menos, continuam sendo simplesmente homens ou mulheres... que sangram quando se cortam, choram e xingam se tiver motivos pra isso... a vida podia ser muito mais simples se não rolasse isso de só pelo falo de vc beijar um garoto ou uma garota você tivesse que ganhar um carimbo na testa pro resto da vida falando pra td mundo que você é gay.

desculpa o palavrão, foi só cansaço com tudo isso.

Postar um comentário